
Editorial
Pensando sobre o patrimônio
Este número é dedicado ao patrimônio, visto sob diversos olhares, boa parte dele influenciado pelas transformações oferecidas pelo uso das Tecnologias de Informação e Comunicação.
Herança ou patrimônio? O que realmente definimos como nosso legado cultural? Com essas perguntas-título Andréa Teixeira Alves desenvolve seu estudo sobre a evolução do conceito de patrimônio cultural, discutindo sua transição de um foco estritamente material para um entendimento mais dinâmico e imaterial, especialmente após a Convenção da UNESCO de 2003.
Lucas Valdez da Paz Ramos, defende que o tratamento dos acervos documentais permite a sua valorização como objeto de pesquisa acadêmica, contribuindo para a preservação da memória institucional.
O estudo de Hikmat Abrahin Zein mostra a importância de alinhar o desenvolvimento tecnológico à preservação de valores culturais, em busca de um ecossistema digital mais justo e socialmente comprometido.
A pandemia como um ponto deflagrador para a transformação da museologia no contexto digital, defende a autora Rafael Teixeira Alves. De acordo com o autor, o uso das novas tecnologias e a tecnologia da informação possibilitaram a implementação de estratégias como exposições virtuais, webinars e digitalização de acervos, evidenciando desafios e oportunidades para os museus e casas de cultura.
Philippe Peterle Modolo reflete sobre os métodos de pesquisa em arquivo e os princípios que devem, por normas internacionais, nortear a formação do material de arquivo sob mediação tecnológica. Peterle discorre sobre a importância da tecnologia com: a criação do Memorial Virtual Doi-Codi, já que ainda não há um museu físico.
Deborah Regina Leal Neves e Fernanda Luiza Teixeira Lima apresentam a pesquisa do Grupo de Trabalho Memorial Doi-Codi (São Paulo), formado em 2018, visando os procedimentos para concretizar a instalação de um memorial físico nos edifícios onde o DoiCodi funcionou durante a ditadura brasileira O artigo de Sylvia Nemer apresenta os resultados da pesquisa realizada no acervo documental de Sebastião Nunes Batista sob custódia da Fundação Casa de Rui Barbosa. Este acervo é relevante para o estudo das formas de sociabilidade e dos modos de saber e fazer da literatura de cordel, escassamente contemplada pelas instituições de cultura e memória.
Enfim, esperamos que as discussões apresentadas neste número colaborem para o estudo do patrimônio.
Boa leitura!
Ana Ligia Medeiros