Editorial

Em julho de 1972, o suplemento Caderno B do Jornal do Brasil publicava a crônica “Museu: Fantasia”, de Carlos Drummond de Andrade, no qual o poeta afirmava a importância de se idealizar um órgão especializado que preservasse a tradição da escrita brasileira. Cria-se, em outubro daquele mesmo ano, o Arquivo-Museu de Literatura Brasileira da Fundação Casa de Rui Barbosa.

Desde o início de seu funcionamento, o AMLB caracterizou-se pela expansão de suas atividades relacionadas à área de conservação e guarda de acervos literários; pelo aumento no número de arquivos pessoais sob sua guarda — hoje constam 148 acervos literários —; e, sobretudo, pelo fortalecimento de seu papel social e político como um importante local de preservação da memória literária brasileira.

Em 2022, este importante Arquivo-Museu completará 50 anos de funcionamento. Um ano muito feliz àqueles profissionais, técnicos, pesquisadores e usuários que trazem vida ao AMLB.

Esta edição tem o propósito de celebrar o início das comemorações desse cinquentenário. Nós, editores da Revista Memória e Informação, gostaríamos de nos juntar ao coro daqueles que tanto lutaram pela preservação dessa memória, dedicando parte deste número à divulgação de estudos e de pesquisas que tiveram como seus objetos conteúdo dos acervos sob sua guarda.

Na seção Artigos, torna-se público o Dossiê “50 anos do Arquivo-Museu de Literatura Brasileira”. Neles, os leitores encontrarão pesquisas relacionadas aos arquivos dos escritores Cruz e Sousa, Cornelio Penna, Samuel Rawet e Paulo Rangel. A importância de divulgarmos os acervos sob a guarda do AMLB, assim como as estratégias direcionadas à comunicação pública de acervos literários, são temáticas abordadas também nesse dossiê.

Para além do dossiê, publicam-se aqui resultados de três pesquisas. Os primeiros, relacionados aos desafios do Projeto Difusão e Educação Patrimonial do Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil (CPDOC) da Fundação Getúlio Vargas; os segundos, relacionados a origem e constituição dos folhetos da literatura popular britânica — coleção de penny dreadfuls - da British Library; e, por fim, os terceiros, aos estudos sobre Curadoria Digital na Coleção Digital Campanha Civilista  da Fundação Casa de Rui Barbosa.

Na seção Documentos, divulgamos fac-símile da carta do escritor Cornelio Penna a Mário de Andrade, arquivada no Instituto de Estudos Brasileiros da Universidade de São Paulo (IEB-USP).

Ao AMLB, nosso desejo de vê-lo cada ano mais fortalecido.

A todos, uma boa leitura.

Ana Lígia Medeiros e Daniela Carvalho Sophia

Publicado: 2021-12-16